quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Introdução

Projetada pelo arquiteto Louis Kahn. Nascido em 1901 na Ilha de Osel na Estônia. Mudou para os Estados Unidos com a sua família em 1905. Na escola, sempre ganhava o primeiro lugar em competições de desenho e pintura, o que lhe rendeu uma bolsa para estudar na Universidade da Pennsylvania, onde se formou em 1924. Kahn é reconhecido pelo seu jeito em lidar com a luz natural em seus projetos, como foi feito na Biblioteca Exeter por exemplo, fazendo com que a aparência dos espaços mudem de acordo com a época do ano, estação e clima, por causa das diferentes incidências de luz no ambiente.
Foi contratado em novembro de 1965 para a elaboração da nova biblioteca. A construção começou em abril de 1969 e foi completada em novembro de 1971. Em 1995 a biblioteca foi nomeada oficialmente como “Biblioteca da Classe de 1945”. Possui 160.000 volumes de livros dispostos em nove níveis e possui capacidade total para 250.000 exemplares; possui duas salas que estão situadas no 4º andar e que estão disponíveis para reuniões e aulas. Também possui cerca de 210 cabines de estudo, numerosas salas de leitura e mesas grandes para que estudantes possam trabalhar juntos quando necessário. O andar principal contém mais de 4.000 volumes.
A biblioteca possui assinaturas com 300 revistas e mantém cerca de 10.000 volumes de periódicos. Fora isso, também possui relíquias como folhas do século XIII ao XVI, gravuras de madeira do século XVI, pedaços originais de navios e os primeiros jornais britânicos e americanos disponíveis para pesquisa acadêmica e que são exibidos de vez em quando em exposições especiais.
Desde as primeiras idéias até a forma final para a “nova biblioteca” foram rendidos 15 anos e foram feitos pelo menos três projetos para a biblioteca.
A biblioteca possui nove andares, ainda que não possa ser visto pelo lado de fora, existe também um número aproximado de 450 lugares de todo tipo, incluindo a área do terceiro andar composto de confortáveis móveis e lareiras. E alguns andares possuem um layout representativo de quando foi usado pela primeira vez. Há laboratórios de informática, salas para vídeos e DVDs, salas para escutar discos e CDs e escritórios para os membros da faculdade.

Como kahn visualiza seus projetos

Kahn afirma buscar a essência das coisas, onde cada projeto ele tenta resolver de maneiras diferentes. Como por exemplo quando está projetando uma escola, ele tenta resolvê-la como "escola", mais do que como "uma escola". Ele nunca lê um programa literalmente. O programa, de acordo com ele, é algo circunstancial. Busque a essência, e você verá no programa aquilo que você quer... uma biblioteca por exemplo. Depois, a primeira coisa é reescrever o programa, e ele deve ser acompanhado de algo que o interprete. O programa sozinho não significa nada, porque é com espaços que se está lidando. E a partir disso, ele deve se fazer acompanhar de esboços que expressem a sua idéia sobre qual é a natureza daquilo. Consequentemente surgirão mais espaços, porque, de acordo com Kahn, todo programa que foi escrito por um não-arquiteto está condenado a ser a cópia de uma outra escola ou de algum outro edifício. Um arquiteto lida com espaços, espaços esses que são inspirados... é necessário portanto, considerar os requisitos da essência do ambiente que inspira a atividade daquela instituição do homem. Numa escola, ou num edifício de escritórios, ou uma igreja, ou numa fábrica, ou num hospital, está a instituição do homem.

Louis Kahn e a renovação da arquitetura

"A renovação contínua da arquitetura provém das mudanças nos conceitos de espaço.

Uma pessoa com um livro vai para a luz.
Uma biblioteca começa desse modo.
Essa pessoa nao se distanciará 15 metros para ter luz elétrica.
O cubículo é o nicho que poderia constituir o início da ordem espacial e sua estrutura.
Em uma biblioteca, a coluna sempre começa na luz.
Sem nome, o espaço criado pela estrutura da coluna evoca seu uso como cubículo.
Uma pessoa que lê em um seminário buscará a luz, mas esta é algo secundário.
A sala de leitura é impessoal; é a reunião no silêncio dos leitores e seus livros.
O espaço grande, os espaços pequenos, os espaços sem nome e os espaços que dão utilidade: o modo em que todos eles estão configurados com respeito a luz é o problema de todos os edifícios. Este começa com uma pessoa que quer ler um livro."

Declarações sobre a arquitetura: própria e apropriada.

Louis Kahn durante entrevistas, conferências, disse várias coisas, como quando diz que a arquitetura não existe. O que existe, é cada obra concreta de arquitetura. E uma obra é uma oferenda ao espírito da arquitetura, um espírito que não conhece estilos, não conhece técnicas nem métodos. Ela é a incorporação do imensurável. Nem todos os edifícios são arquitetura. Uma das ajudas mais importantes no trabalho que faço provém da constatação de que qualquer edifício pertence a alguma instituição do homem. Ele crê que os arquitetos projetam depressa demais, sem se dar conta do que distingue uma coisa de outra quanto à forma. O âmbito dos espaços que caracteriza uma escola, por exemplo, não é o mesmo que de uma prefeitura. Acha que as cidades modernas precisam ter uma distinção entra a arquitetura de aqueduto e da arquitetura das atividades do homem, porque os edifícios que são construídos são realmente uma indicação do que necessita essas atividades do homem quanto ao espaço. E que essas duas arquiteturas são diferentes, uma é separada da outra, porque, de acordo com Kahn, a primeira é uma arquitetura robusta e deteriorada, mal tratada, e a outra é delicada: poderia ser sutil, e com a tecnologia de hoje, poderia ser surpreendente. E que se nós compreendêssemos essa distinção, poderia ser algo ainda mais surpreendente, porque não colocaríamos o edifício fora do contexto, mas sim na relação com essa arquitetura robusta.

Espaço, forma e uso

De acordo com Kahn, o edifício de uma biblioteca devería oferecer um sistema de espaços adaptáveis às necessidades ao longo do tempo; os espaços e suas formas, como um edifício deveria surgir de uma interpretação ampla dos usos, mais do que o complemento de um programa para um sistema específico de funcionamento. Uma ordem espacial para uma biblioteca - que inclui múltiplas relações possíveis dos livros, das pessoas, e dos serviços - poderia ter uma capacidade universal de adaptação às mudanças das necessidades humanas que fosse traduzível aos termos arquitetônicos. O desenho de uma biblioteca, segundo as incipientes influências da normalização no armazenamento dos livros e os dispositivos de leitura poderia levar a uma forma com duas características espaciais diferenciadas: uma para as pessoas e outra para os livros. O livros e o leitor não se relacionam de um modo estático. Os próprios livros, os meios de leitura, podem adotar outra forma, fazendo que o sistema de estantes, por exemplo, fique obsoleto.

imagens


Vídeo

http://www.youtube.com/watch?v=sMFlrA02GUM

Bibliografia

KAHN, Louis I. Conversa com estudantes. Nova Iorque, EUA, Ed. Gustavo Gili, 1998.
KAHN, Louis I. Escritos, conferências e entrevistas. EUA, El Croquis, 1991.
KAHN, Louis I. In the realm of architecture. Nova Iorque, EUA, Ed. Rizzoli, 2000.
http://www.exeter.edu/libraries/4513_4522.aspx